Varejo

O varejo no Brasil é um mercado altamente competitivo, com uma variedade de formatos que vão desde pequenas lojas especializadas até grandes centros comerciais. Muitas das maiores cadeias de varejo são de propriedade estrangeira, mas também há muitas empresas menores e familiares. Os varejistas brasileiros empregam uma mistura de técnicas de marketing tradicionais e modernas, incluindo mídia impressa, televisão, rádio e mídia digital. Além disso, esses varejistas costumam implementar promoções e descontos para atrair clientes. O uso de programas de fidelidade tem se tornado cada vez mais popular nos últimos anos, além de também utilizar uma variedade de estratégias orientadas por tecnologia para otimizar suas operações, como prateleiras inteligentes e tecnologia RFID.

Nesse sentido, essas estratégias são projetadas para melhorar o controle de estoque e a experiência do cliente. Outrossim, a tecnologia é usada para gerenciar dados e análises de clientes, que podem ser usados para informar estratégias de marketing.  

No país, o varejo deve cumprir uma variedade de regulamentações governamentais, por exemplo, leis trabalhistas, bem como os regulamentos ambientais. Além do mais, certos padrões de segurança e qualidade do produto precisam ser seguidos.

A origem do varejo e sua evolução ao longo dos anos

O varejo existe há séculos, com os primeiros exemplos de comerciantes vendendo mercadorias ao público sendo documentados na época romana, quando as pessoas compravam e vendiam mercadorias nos mercados locais. À medida que o mundo e a economia evoluíram, o mesmo aconteceu com a prática do varejo. Na Idade Média, os comerciantes costumavam viajar de cidade em cidade, trazendo mercadorias para vender no mercado de cada cidade e com tempo, assim, mercados e feiras foram estabelecidos como lugares para as pessoas comprarem e venderem produtos, e essa a foi forma mais antiga de varejo. Nesse mesmo período, guildas foram formadas para regular e proteger os interesses de comerciantes e artesãos que vendiam seus produtos ao público. Este sistema de varejo continuou até a Revolução Industrial, quando a produção em massa e a disponibilidade de bens aumentaram.  

À medida que o comércio aumentava, o mesmo acontecia com o desenvolvimento de lojas. No século 18, a Revolução Industrial viu o aumento da produção em larga escala e a abertura das primeiras lojas de departamentos. Essas grandes lojas vendiam uma ampla gama de produtos, de roupas, móveis a alimentos.  A ascensão da loja de departamentos no final do século 19 e início do século 20 revolucionou a maneira como as pessoas faziam compras, com a introdução do autoatendimento e a capacidade de comprar vários itens em uma loja origem ao conceito moderno de varejo, com lojas de departamento, supermercados e cadeias de lojas surgindo em todo o mundo. Nesse viés, pode se citar a primeira loja de departamentos, a Bon Marché em Paris, França, inaugurada em 1852 e o primeiro shopping, o Country Club Plaza em Kansas City, Missouri, inaugurado em 1922. 

Hoje, o varejo é uma indústria enorme, respondendo por trilhões de dólares em vendas globais a cada ano. É também uma importante fonte de emprego, com milhões de pessoas empregadas no setor de varejo. A tecnologia teve um enorme impacto no setor de varejo, com o surgimento do e-commerce e das lojas online, bem como o uso de dados e análises para melhorar a experiência do cliente, com a Pizza Hut sendo o primeiro do setor a implementar pedidos pela internet em 1994, seguindo da Amazon em 1995. À medida que o setor de varejo continua a evoluir, certamente continuará sendo uma parte importante do nosso cenário econômico nos próximos anos. 

Desenvolvimento do varejo no Brasil

No Brasil, o varejo evoluiu de lojas tradicionais de esquina de bairro para modernos shoppings e grandes lojas. No passado, a maioria das lojas de varejo eram pequenas e localizadas nas áreas que serviam. À medida que a economia se desenvolveu, grandes corporações começaram a investir no varejo e abriram lojas em cidades de todo o país. Isso levou ao crescimento de shopping centers e grandes lojas. Com o surgimento das compras online, os varejistas brasileiros tiveram que se adaptar ao mercado em constante mudança para se manterem competitivos.  

O que é o varejo?

O varejo se trata de um modelo de negócios baseado na venda de bens ou serviços ao consumidor final. A maioria dos varejistas não produzem suas próprias mercadorias, geralmente seus produtos vêm do atacado. Dentre as características desse tipo de mercado, pode se caracterizar como processos sistematizados para atender a grande demanda de clientes. Esses clientes também orientam como o varejo irá operar, visto que o comportamento de consumo, tendências, sazonalidade e região ditam como este mercado deve seguir. Os clientes são responsáveis por encontrar a mercadoria de que precisam, fazer compras e fornecer feedback sobre os serviços da loja. À medida que a tecnologia avançou, os clientes agora também têm a capacidade de fazer compras on-line, o que revolucionou o setor de varejo. No varejo moderno, os papéis do lojista e do cliente são vitais para o sucesso da loja. Os lojistas precisam estar bem informados sobre a mercadoria que estão vendendo, ser capazes de fornecer um excelente atendimento ao cliente e prestar muita atenção ao feedback e às tendências dos clientes. O consumidor está, agora, mais informado e têm maior acesso aos produtos do que nunca, e esperam um alto nível de serviço e conveniência ao fazer compras. É o trabalho do lojista atender a essas expectativas. 

O advento da internet e o desenvolvimento do e-commerce mudaram ainda mais a cara do varejo. Hoje, varejistas on-line como a Amazon dominam o cenário do varejo, oferecendo uma enorme seleção de bens e serviços aos clientes a uma fração do custo das lojas tradicionais. Além disso, a ascensão do comércio móvel tornou as compras mais fáceis do que nunca, com os clientes podendo comprar itens em seus telefones ou tablets a qualquer momento.  À medida que os varejistas olham para o futuro, eles devem continuar a encontrar maneiras de se manter no mercado.

Entendendo o varejo brasileiro

Para entender o mercado varejista do país, é importante entender o tamanho e o escopo do mercado, os principais players do mercado, os desafios únicos do ambiente de varejo brasileiro e as oportunidades que existem para as empresas estrangeiras no setor de varejo brasileiro. Além disso, é importante ter uma compreensão do cenário socioeconômico e político do Brasil para obter informações sobre o potencial atual e futuro do mercado de varejo do país. A pesquisa de mercado e a consulta com profissionais experientes podem ajudar as empresas a entender melhor o mercado varejista brasileiro e tomar decisões informadas sobre a entrada no mercado. 

O varejo no Brasil é uma indústria em expansão. Com uma população de mais de 210 milhões de pessoas, o Brasil é a sexta maior economia do mundo e a maior da América Latina. Trata-se de um setor altamente competitivo, com marcas locais e internacionais disputando participação de mercado. Nos últimos anos, houve um aumento no número de sites de comércio eletrônico, o que beneficiou consumidores e varejistas. O país também está fazendo grandes investimentos em tecnologia, logística e infraestrutura, que estão ajudando a agilizar a experiência do varejo. 

Como citado anteriormente, por se tratar de um grande mercado competidor, é essencial que haja confiabilidade, disponibilidade e qualidade de experiência na hora compra. Por isso, o varejo é cercado desde as grandes estratégias de marketing até a gestão de suprimentos. Para mais, é necessário ter o conhecimento do comportamento do consumidor do país, que é conhecido por ser sensível ao preço, por isso os varejistas devem se concentrar em oferecer preços competitivos e descontos atraentes para se manterem competitivos. Além disso, os consumidores brasileiros tendem a preferir lojas menores, mais personalizadas e que oferecem uma variedade maior de produtos. Eles também preferem comprar com marcas confiáveis, por isso é importante que os varejistas se concentrem em construir lealdade e confiança com seus clientes. Finalmente, é importante entender o ambiente regulatório em rápida mudança no país, pois isso pode ter um impacto significativo no mercado de varejo. 

Tendo em mente esse comportamento afetivo do consumidor brasileiro com a marca e a alta concorrência, modernamente as estratégias de marketing são focadas na personificação da marca por meio de mascotes que evoluíram para os famosos digitais influencers, grandes apostas de dois dos grandes varejistas brasileiros que deram muito certo.  A vista disso, MAGAZINE LUIZA e as CASAS BAHIAS investiram na LU e no CB para ter a sua branding focada em atrair o carisma para a marca. 

O CB, personagem das CASAS BAHIA, foi criado em 1990 e ao longo dos anos foi se adequando à atualidade. A mascote com o celular na mão, caracterizado como adolescente influenciador, justamente para que a marca antes famosa entre os mais velhos solidifique entre a geração dos millenials, “rodeia” a loja para anunciar produtos e promoções, além de também defender os valores da grande varejista, como a sustentabilidade e diversidade. Segundo a empresa, essa personificação permite a comunicação com o cliente, uma humanização que aborda os mais diferentes temas, além de interagir com famosos “reais”. Do tom da fala com linguagem leve e animada a utilização da libra pelo personagem, o branding da inclusão social pela marca é forte. 

Já a LU, da Magazine Luiza, umas das maiores varejistas do Brasil, começou como vendedora virtual, especialista em vendas e depois youtuber, o que levou a marca a ser a primeira varejista do mundo a ter mais de 1 milhão de seguidores na rede. Além de interagir com internautas, ela participa de redes sociais, como o tinder, que a cada match ela enviava ao cliente um cupom de desconto sendo mais de 150 matches nas primeiras 12 horas de ativação do perfil, além de ter chorado junto com brasileiros na copa da Rússia. O marketing da Magalu com a mascote é de tanto sucesso que já foi contratado por outras marcas para propaganda. Essa estratégia de marketing é apenas uma dentre outras que os varejistas encontraram para se modernizar diante da nova geração e até mesmo para se solidificar no mercado competitivo brasileiro. 

Tipos de varejo

Ao pesquisar tipos de varejos, é possível encontrar várias definições e diferenças, no entanto aqui será apresentado as categorias mais reconhecidas e com maior representatividade no mercado. 

Lojas de Departamento: Essas grandes lojas de varejo oferecem uma grande variedade de produtos e serviços, que vão desde roupas e decoração para casa até eletrônicos e eletrodomésticos. A seleção de itens disponíveis nas lojas de departamento geralmente é extensa e os clientes podem encontrar quase tudo o que precisam. Eles são tipicamente de propriedade e operados por uma única empresa e localizados em um distrito comercial ou shopping. No Brasil, algumas das lojas de departamento mais populares incluem Lojas Americanas, C&A, Riachuelo e Marisa.

Supermercados, Hipermercados: esse tipo fornece aos clientes uma variedade de produtos frescos, produtos lácteos, carnes e outros itens alimentares. Os clientes também podem encontrar uma seleção de itens não alimentares, como produtos de papel e materiais de limpeza. Carrefour e o Assaí são dois grandes varejistas dessa área. 

Lojas especializadas: Essas lojas são especializadas em um determinado tipo de produto, como eletrônicos, livros, suprimentos para animais de estimação ou roupas. Eles geralmente têm uma seleção menor do que as lojas de departamento, mas oferecem um conhecimento mais aprofundado sobre os produtos que carregam. A livraria cultura é um exemplo de loja especializada em livros. 

Lojas de conveniência: Essas pequenas lojas geralmente estão abertas 24 horas por dia e oferecem uma seleção limitada de itens, como lanches, bebidas e outros itens de conveniência. No Brasil, essa categoria está associada a postos de gasolina, mas são de grande sucesso nos EUA e em toda a Ásia com a gigante 7- Eleven. 

Farmas : o gerenciamento de categorias (GC) é uma das fortes tendências da indústria farmacêutica. A tendência do GC não é novidade, mas ainda é pouco adotada pelas empresas (principalmente pequenas e médias empresas). A previsão é que essa tendência vai mudar ao observar as categorias da perspectiva das necessidades do cliente. Por exemplo: beleza, limpeza, dor e febre, matinais, etc.  

O varejo pré e pós-pandemia 

Com a pandemia de covid- 19, vieram as restrições e recomendações do governo, como evitar aglomerações de pessoas. Com pessoas fora das ruas, shoppings e centros comerciais fechados, o impacto da pandemia no varejo foi enorme. Vale lembrar que esse setor ainda possuía lembranças dos problemas causados pela greve dos caminhoneiros. Em 15 dias o varejo contabilizou perdas de R$5,2 bilhões, o que levou meses para o setor recuperar as vendas naquele ano.    

Neste contexto de crise, houve grandes perdas e adaptações para marcas “sobreviverem”.Um estudo da CNC- Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, expôs  que, em 2020, cerca de 75 mil pontos de vendas foram fechados,principalmente setores do vestuário e livrarias, que necessitam da circulação de pessoas. 

Como citado anteriormente, o setor varejista de moda foi um dos mais prejudicados desde o início da pandemia dado a necessidade de manter lojas fechadas somado a menos eventos sociais, contribuindo para as quedas de faturamento do setor. Sendo assim, explorando meios de evitar  este cenário, grandes varejistas de moda como Renner, C&A, Riachuelo e Marisa, apostaram nas vendas online e na criação de marketplaces em suas plataformas para atenuar as perdas financeiras.Neste sentido,  houve  integração dos estoques das lojas físicas com a parte online, para oferecer uma maior facilidade entre a dinâmica de compra e a gestão logística das vendas, segundo o centro de estudos do varejo (Ufjf).

Nesse período as compras online dispararam, justamente pelas restrições de combate ao vírus. Um grande destaque por suas estratégias de enfrentamento à pandemia, também consoante ao Ufjf, é o Mercado Livre, que observou a demanda dos consumidores por itens de supermercado e reforçou a oferta de produtos de alimentação em sua plataforma. Outro desafio do Mercado Livre foi garantir a efetividade da sua gestão logística.  Com isso, construíram parcerias com lojas físicas para realizar entregas, o que consequentemente beneficia os pequenos negócios que se encontravam fechados diante do isolamento social.   

Com o crescimento na pandemia, o  Omnichannel, que implica em conseguir integrar o físico e o online de modo eficiente garantindo que a experiência do cliente seja a mesma independente do canal escolhido, é uma das lições que ficaram para o varejo pós-pandemia. Comparando dados de 2019 com intenção de consumo em 2021, uma pesquisa da Opinion Box identificou que saltou de 29% para 49% a proporção dos entrevistados pretendem mesclar loja física com canal online. Um dos cases de sucesso da aplicação do sistema é a Riachuelo, que possibilitou que cliente pague dos provadores, a implementação de pontos digitais dentro da loja, tornando possível a compra online de dentro da loja física, autoatendimento por smartphones ou tablets e, até mesmo autosserviço para a retirada de peças com lockers. Outros cases de sucesso são a Centauro e a O Boticário com suas outras empresas Quem disse, berenice? e The Beauty Box, de acordo com Douglas Silva, SEO  associate da Latam.

Tecnologia e varejo

Em um nicho tão competitivo quanto o varejo, onde as margens de lucro são apertadas, é de extrema importância ter a tecnologia como aliada para melhorar a eficiência e gerar um diferencial para a marca. A adoção de tecnologias inovadoras no varejo foi acelerada com a pandemia de COVID-19 no ano de 2020, pois as empresas tiveram que reinventar o seu modo de vender, através de experiências virtuais principalmente.

Hoje, uma das principais mudanças aceleradas pela pandemia, foi o desenvolvimento de experiências omnichannel. Esse termo, refere-se a uma abordagem onde o cliente possui uma jornada que pode integrar diversos canais, tendo uma infinidade de possibilidades para levar uma experiência inovadora. As empresas têm buscado integrar o ambiente físico com o virtual através de soluções onde o cliente pode, em um caso mais simples, comprar online e retirar na loja física. Em outros casos, existem jornadas mais elaboradas, onde o cliente pode interagir com inteligência artificial, bots e até interfaces gamificadas.

Porém, quando se fala em tecnologia no varejo, falamos também de como oferecer as soluções para o cliente de forma ativa. Isso pode ser feito utilizando os dados coletados para promover campanhas, sugerir produtos e converter leads em clientes através da análise comportamental.

Além disso, a automação na cadeia logística tem sido uma das principais aliadas dos players que mais crescem no mercado de varejo ao redor do mundo. Muitas varejistas estão buscando acelerar o fluxo de atendimento de pedidos para competir com o modelo ágil trazido pela Amazon. Há cerca de 5 anos, era aceitável que um pedido demorasse algumas semanas para ser processado e entregue. Atualmente, empresas como o Mercado Livre e Amazon lutam para entregar os pedidos dentro de um prazo curtíssimo, se utilizando de diferentes estratégias na hora do processamento dos pedidos e armazenamento.

O Mercado Livre, por exemplo, trabalha com uma modalidade de entrega chamada Entrega Full, onde o produto é alocado em um centro de distribuição e pode chegar até o cliente em menos de 24h dependendo do horário do pedido e da localização do comprador. Esse nível de competitividade, além de estimular os concorrentes a elevarem o investimento em tecnologia para entregar experiências equivalentes ou melhores, leva a uma revolução no modo de fazer logística, tornando o processo cada vez mais automatizado e barato no longo prazo.

Os drivers citados acima, como o omnichannel, automação e uso de ciência de dados estão em plena ascensão e devem continuar sendo os principais guias para o desenvolvimento tecnológico do varejo nos próximos anos, como pode ser visto na FIGURA X.

 FIGURA X: Principais drivers tecnológicos para o varejo nos próximos anos

Fonte: Liga UFPR (2023)

É interessante ressaltar também que com essa revolução tech no varejo o tipo de profissional buscado por essas empresas mudou ao longo dos anos. Antigamente era muito comum esperar que uma empresa como a Casas Bahia contratasse massivamente vendedores, repositores e similares. Hoje, muitas das oportunidades oferecidas, são para desenvolvedores, programadores e analistas de dados (dentro da parte de business intelligence).

Varejistas no Brasil

Sabemos que o varejo é um setor gigantesco no Brasil e por isso é válido elencar quais são as principais varejistas atuantes no país em termos de faturamento. Segundo o Ranking Ibevar-FIA o maior varejista do ano de 2021 foi o Grupo Carrefour com faturamento anual de R$81,1 bilhões. O gráfico com as seis empresas principais pode ser visto na FIGURA X. Elas representam 36,7% do faturamento total do varejo.

FIGURA X: Faturamento anual dos principais varejistas do Brasil em 2021

Fonte: Liga UFPR (2023)

É interessante avaliar também o peso dos segmentos nas vendas do varejo e as marcas líderes em cada setor, o que pode ser visto na FIGURA X.

FIGURA X: Peso dos segmentos nas vendas do varejo e marcas líderes em cada setor.

Fonte: Liga UFPR (2023)

O volume de venda das varejistas fechou 2022 com crescimento de 1% segundo a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), feita pelo IBGE. Esse foi o pior resultado desde 2016, quando a variação anual foi de -6,2%. Entre os segmentos, podemos ver na FIGURA X quais foram os resultados do ano.

FIGURA X: Resultados do ano de 2022 para os segmentos do varejo

Fonte: Liga UFPR (2023)

            Outro ponto importante é o crescimento do e-commerce no Brasil. Sites como Shopee, Shein, Aliexpress e outros que vendem produtos importados, têm se tornado cada vez mais relevantes e atraentes para o brasileiro. Como pode ser visto na FIGURA X, a Shopee, cresceu praticamente 16 vezes mais que as Casas Bahia – o segundo e-commerce que mais cresceu no período – se tornando uma grande febre no Brasil. Principalmente porque o preço e produtos exclusivos conseguem compensar o tempo de espera maior para receber o produto.

FIGURA X: e-commerces que mais cresceram no Brasil em relação a 2020.

Fonte: AAA inovação (2021)

Além disso, é interessante observar a evolução do tempo de espera. Há 10 anos, provavelmente um item importado demoraria cerca de 3 meses para sair da China e chegar ao Brasil. Hoje, podemos observar certa redução nesse tempo, e até vendedores brasileiros estocando itens importados para diminuir o tempo de frete. Os principais sites de importados de 10 anos atrás também perderam certa relevância para os novos concorrentes que fazem seus produtos chegarem em cerca de 1 mês, como é o caso da Shopee e Shein.

É importante apontar o crescimento de outros setores dentro do e-commerce. Dentre as categorias que mais cresceram nos doze meses de fevereiro de 2020 até março de 2021 estão os de pets (+ 88%), casa e móveis (+ 87%), farmácia e saúde (+ 65%) e moda e acessórios (+63%). É nítido também que esses crescimentos foram impulsionados pela pandemia de COVID-19, onde as pessoas preferencialmente compravam online. Contudo, isso se tornou um hábito, fazendo com que as lojas precisam criar um novo significado ao modelo de vendas, principalmente através do omnichannel, big data e outras ferramentas tecnológicas para fortalecer o vínculo entre cliente e marca.

Falências

“Your margin is my opportunity” – Jeff Bezos, 2004.

“It takes 20 years to build a reputation and five minutes to ruin it. If you think about that, you’ll do things differently.” – Warren Buffet, 2014. 

A palavra falência tem ligação direta com a palavra falir, que tem origem do latim com a palavra “fallibilis”, que significa “passível de erro, de não obter o resultado desejado”, de FALLERE, “tropeçar, fazer cair”, no sentido figurado “enganar, iludir, trapacear”.

Em 2004, Jeff Bezos nos presenteou com um insight muito importante para entender seu modelo de negócios. A margem de seus concorrentes era visto como uma oportunidade, enquanto corriam para melhorar as margens, a Amazon corria para aumentar seu fluxo de caixa absoluto. Ou seja, a expansão na oferta era o seu principal alvo, não por acaso, a Amazon se tornou conhecida como a loja de tudo. 

Em 2014, Warren Buffet citou aquela que seria MAIS UMA de suas frases icônicas. Ele destaca que o árduo caminho para criar uma reputação, pode ser arruinado em 5 minutos. Essa frase denota alguns pontos importantes a respeito da ética e do risco e pode nos dar insights para diversos assuntos. Em 2020, com evidências  e decisões a respeito da fraude cometida pela Wells Fargo – uma de suas mais antigas posições – o investidor comentou “um total desastre”

Os três parágrafos anteriores são importantes para tratar o tema. Jeff Bezos destaca a competitividade, Warren Buffet mostra que nem sempre é uma questão de negócios. A Amazon de fato conseguiu capturar as oportunidades, o Wells Fargo não faliu mas sua reputação foi bastante questionada. E é importante separar o joio do trigo, as falências podem ocorrer por diversas razões, má gestão é uma e fraude é outra. 

Visão Estados Unidos.

Na maior economia do mundo, é natural que mais empresas declarem falência dado a quantidade de empresas e a competitividade. Essa natureza fica mais evidente se observamos algumas métricas mais quantitativas. Empresas com poucas barreiras de entrada são pressionadas pelo número crescente de concorrentes, os concorrentes por sua vez vão atuar para entregar o menor preço, o método mais rápido é reduzindo sua margem. Se não tiver capacidade operacional, a margem estreita vai pressionar seus resultados, necessitando maior capital de giro (dívida) e o ponto derradeiro é não conseguir mais operar. 

A figura 1, mostra o número de pedidos de falência por ano nos Estados Unidos a partir de 2010. Fonte 1. A figura 2, mostra o número de falência por ano nos Estados Unidos a partir de 2010, para o setor de varejo. Fonte 2.

SNL Image
Chart of retail bankruptcies with data through August 3, 3030.

Alguns exemplos recentes evidenciam isso. A Bed Bath & Beyond é o mais notório, comunicou em janeiro deste ano a possibilidade de falência. Na figura 3 mostra a timeline de algumas famosas empresas do varejo que declararam falência, até 2019. 

Interface gráfica do usuário, Texto, Aplicativo, Email

Descrição gerada automaticamente

Fonte 3.

Retail-Apocalypse-Timeline

Visão Brasil.

Como observado pelos Estados Unidos, a indústria do varejo é a mais suscetível à falência. Trazendo o cenário para o Brasil, a situação se assemelha. Em algum momento da sua vida você pode ter entrado em alguma varejista como as de Mebla, Mappin, Ultralar, Arapuã, Jumbo Eletro, Ricardo Eletro, Americanas. O que todas têm em comum? Fallibilis. 

As figuras 4 e 5 mostram, respectivamente, o número de falências decretadas e os pedidos de recuperação judicial por setor. Fica bastante evidente o citado anteriormente, empresas que operam em um ambiente com barreiras de entrada fáceis, 

Falências atingem maior nível desde 2020 | Empresas | Valor Econômico
Após Americanas, 'efeito dominó' preocupa mercado | Empresas | Valor  Econômico

Fonte 5. Fonte 6.

Esse fato gera um pouco mais de preocupação se observarmos a relação dívida bruta em relação ao PIB. Em março de 2021 a métrica atingiu o maior nível – até aquele momento – na década. A taxa de juros naquele momento era 2%. A figura 6 mostra a evolução ano a ano.

Endividamento cresce com pandemia | Brasil | Valor EconômicoFonte 7.

A tabela abaixo mostra o impacto no aumento da taxa de juros, que encerrou o mesmo ano de 2021 em 9,25%. Dando ênfase para eletrônicos/e-commerce, super/hiper e atacarejo e moda – que atuam dentro do varejo – é possível identificar aumentos na dívida financeira na ordem de até 50% entre o 3T21 e 3T22.

Juro avança e alavancagem mais que dobra em consumo e serviços | Empresas |  Valor Econômico

Fonte 8.

Futuro do Varejo

É inquestionável o problema que o setor enfrenta. O aumento da taxa de juro, o pico na inflação atingido em 2022, todos somam para dificultar ainda mais o cenário. A dependência constante de capital (estoques) e a necessidade de um poder de compra dos clientes mais elevado, confrontam o cenário macroeconômico atual. 

Historicamente, nessas situações as empresas dominantes acabam gerando ainda mais dominância. Oportunidades são criadas e àquelas que capturam essa janela, colhem os frutos no futuro. É nessa perspectiva que se deve observar a indústria do varejo. A Amazon criou uma ruptura positiva no segmento através do e-commerce, de Walmart à Via Varejo, TODAS precisaram se adequar para se manterem competitivas. 

No Brasil, a combinação da taxa de juros no menor nível da história em 2019 e 2020, junto da pandemia, acelerou o processo para o digital. As vendas no e-commerce viram salto de 55% em 2020, e 30% em 2021. Apesar das variações positivas a indústria continua muito incipiente, mas já sugere de forma bastante clara o seu rumo. A figura 7 mostra a evolução a partir de 2010.

Vendas e-commerce no BrasilFonte 8. 

E quem está liderando a corrida? No Brasil impressiona, entre as 5 maiores, 4 eram estrangeiras. A única brasileira é acusada de fraude e a história já está bem contada. O que isso significa? O espólio do market share construído ao longo de 20 anos e destruído em 5 minutos e alguns comunicados, vai ser distribuído entre as maiores. A figura 8 dá uma dica de quem vai capturar melhor essa janela.

Gráfico

Descrição gerada automaticamente com confiança baixaFonte 9.

Fontes:

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