Investimentos em Renda Fixa X Renda Variável

Como falamos no texto da semana passada, essa série foi criada para resolver possíveis dúvidas e auxiliar iniciantes no mercado financeiro. Uma das dúvidas mais comuns que surge quando estamos começando a investir é onde aplicar nosso dinheiro. Nos deparamos com diversas opções e, muitas vezes, podemos  não entender exatamente o que cada uma delas significa.

Por essa razão, hoje falaremos um pouco mais sobre as duas principais categorias de investimentos, renda fixa e renda variável. É importante ressaltar, no entanto, que esse texto não trará nenhuma recomendação sobre onde você deve investir, sendo nosso único objetivo auxiliar na diferenciação entre os investimentos para que sua decisão possa ser feita mais claramente.

Renda Fixa

Os investimentos de renda fixa, como o nome pode sugerir, têm uma rentabilidade fixada em algum indicador de referência ou uma taxa de juros pré-determinada. Os títulos com taxas fixadas em algum indicador são os pós-fixados, sendo os indicadores mais comuns, a Taxa Selic (taxa básica de juros da economia brasileira), o CDI (Certificado de Depósito Interbancário, juros cobrados pelos bancos ao emprestarem  dinheiro entre si) e a TR (Taxa Referencial, um índice de reajuste criado pelo governo que vale 0% desde 2017, não influenciando mais nos investimentos.) Já os títulos com taxas pré-determinadas são os prefixados. Existem ainda títulos híbridos que contêm elementos de ambos pré e pós-fixados.

O grande atrativo da renda fixa, então, é que essa rentabilidade é determinada antes do investimento ser feito, apresentando mais estabilidade e um menor risco ao investidor. Por outro lado, a rentabilidade de investimentos de renda fixa costuma ser mais baixa quando comparada a investimentos de renda variável.

Principais Investimentos em Renda Fixa

Títulos Públicos – Ao investir em títulos públicos, você está emprestando dinheiro ao Governo Federal para o financiamento das atividades públicas em troca de um retorno pago com juros. Esses investimentos são vistos como bastante seguros pois, por se tratar do governo, a chance do emissor dos papéis “quebrar’’ como uma empresa é muito baixa, fazendo desses títulos os de menor risco de crédito da economia.

Poupança – Investimento mais tradicional no Brasil, tem sua rentabilidade determinada pelo governo federal e pode variar de acordo com a Taxa Selic. Quando a Selic se encontra acima de 8,5%, a poupança rende 0,5% ao mês + TR, e quando a Selic está abaixo de 8,5%, a poupança rende 70% dessa taxa. No entanto, devido à grande queda da Taxa Selic nos últimos meses, houve também uma grande redução na rentabilidade das Cadernetas de Poupança. Em um exemplo prático, a Taxa Selic foi de 6,50% a.a. para 4,50% a.a. durante o ano de 2019. Logo, um investimento em poupança nesse período rendeu 4,26%. Em comparação, o IPCA acumulado para esse mesmo ano, segundo dados disponíveis no site do IBGE, foi de 4,31%. Portanto, podemos dizer que a poupança teve um rendimento real negativo pois sua rentabilidade ficou abaixo da inflação.

CDBs (Certificado de Depósito Bancário) – De maneira semelhante aos títulos públicos, quando investimos em CDBs, estamos emprestando dinheiro para um banco para recebermos um retorno com juros no futuro.

Debêntures – Também são títulos de dívida, como CDBs ou Títulos Públicos, mas seu emissor são empresas privadas. Normalmente surgem para financiar grandes projetos ou expansões de empresas.

Renda Variável

Diferente da  renda fixa, investimentos de renda variável são aqueles cuja rentabilidade é desconhecida no momento da aplicação. Essa incerteza referente à rentabilidade pode representar ao investidor tanto lucros como perdas, sendo portanto um investimento de maior risco.

Principais Investimentos em Renda Variável

Ações – Ao comprar uma ação, você está comparando uma determinada participação no capital da empresa. Você pode ter rendimento no mercado de ações vendendo sua participação por um preço maior do que pagou ou no recebimento de dividendos – parcela do faturamento de uma empresa que é distribuída entre os acionistas de acordo com sua participação.

FIIs (Fundo de Investimento Imobiliário) – Quando compramos uma cota de um FII, estamos comprando participação na administração de imóveis e, assim como em ações, lucramos com a valorização do fundo ou com o recebimento de dividendos. Existem variados tipos de fundos imobiliários que administram os mais variados imóveis, como shoppings, hospitais, centros comerciais entre outros. Investir em um FII é como comprar uma parte de um prédio e receber parcelas do aluguel arrecadado.

ETFs (Exchange Traded Fund) – Conhecidos como “Fundos de Índice”, ETFs são fundos que variam de acordo com um determinado índice. O BOVA11, por exemplo, é o ETF que busca replicar as variações do IBOVESPA (índice que mede a variação no preço das ações das empresas listadas na B3 com maior liquidez e maior volume financeiro negociado) para seus cotistas. Ou seja, se o IBOVESPA subir 10%, as cotas de BOVA11 terão um crescimento proporcional a esses 10%.

BDRs (Brazilian Depositary Receipt) – BDRs são recibos de empresas estrangeiras negociadas na bolsa de valores brasileira. Em outras palavras, você é capaz de investir em grandes empresas como Apple, Google, Disney e muitas outras, sem ter que passar pela burocracia envolvida em criar contas em bancos e corretoras estrangeiras. É uma ótima opção para balancear seus investimentos e reduzir seus possíveis riscos. No entanto, a maioria dos BDRs estão disponíveis apenas para investidores qualificados, que possuem um grande patrimônio investido. Ainda é possível investir nesses ativos por meio de fundos, sem restrição alguma. 

Derivativos – Um derivativo, é um ativo cujo desempenho deriva da variação de outros ativos. Alguns exemplos desses ativos são commodities como ouro, moedas como o dólar, ou até ações da bolsa de valores. De modo geral, os derivativos funcionam como “apostas” no desempenho de outros investimentos negociados na bolsa.

Por fim, gostaria de relembrar que todas as opções listadas aqui não devem ser olhadas isoladamente. Muito pelo contrário, uma ótima forma de diminuir possíveis riscos é dividir sua carteira em diversos tipos de investimento.   Embora essa diversificação possa parecer difícil para investidores iniciantes e que ainda não tenham um capital muito grande disponível para investir, sempre é possível encontrar um ótimo investimento por um preço acessível.

Espero que esse conteúdo possa ter te ajudado a compreender melhor alguns conceitos básicos do mercado financeiro. No próximo texto, nos aprofundaremos um pouco mais na renda variável e algumas das diferentes estratégias de investimento na bolsa de valores.

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